A psicóloga Sophia Sahd Moraes destaca o papel da neuropsicologia e explica de que forma ela auxilia no diagnóstico de transtornos psiquiátricos. Além disso, ressalta como as lesões cerebrais podem afetar as emoções.
01
CM
Camilli pergunta
O que é a neuropsicologia e qual é o seu principal objetivo clínico?
SS
Sophia responde
A neuropsicologia é a área que faz a ponte entre o funcionamento do cérebro e o comportamento humano. O principal objetivo clínico é entender como determinadas alterações cerebrais impactam capacidades como atenção, memória, linguagem, emoções e tomada de decisão. Na prática, ela ajuda a transformar queixas cognitivas em um mapa claro do que está acontecendo e como intervir.
02
CM
Camilli pergunta
Quais funções cognitivas costumam ser avaliadas em uma avaliação neuropsicológica?
SS
Sophia responde
Geralmente avaliamos atenção, velocidade de processamento, memória, linguagem, funções executivas, habilidades visuoespaciais, habilidades motoras e aspectos emocionais que podem interferir no desempenho. É uma avaliação bem completa, que busca entender o funcionamento global da pessoa.
03
CM
Camilli pergunta
Como a neuropsicologia auxilia no diagnóstico de transtornos neurológicos e psiquiátricos?
SS
Sophia responde
Ela fornece evidências objetivas sobre o padrão de funcionamento cognitivo. E cada condição como, TDAH, demência, epilepsia, sequelas de AVC, transtornos de humor, tende a apresentar um perfil específico de funcionamento. O neuropsicólogo não fecha diagnóstico isoladamente, mas mostra “o desenho” cognitivo do paciente, o que ajuda muito a diferenciar causas e direcionar o tratamento.
04
CM
Camilli pergunta
Qual é a diferença entre avaliação psicológica e avaliação neuropsicológica?
SS
Sophia responde
A avaliação psicológica olha para aspectos emocionais, personalidade, comportamento e adaptação.
A avaliação neuropsicológica aprofunda especificamente funções cognitivas e como elas se relacionam com o cérebro. As duas se complementam, mas a neuropsicológica é mais técnica em termos de cognição e funcionamento cerebral.
05
CM
Camilli pergunta
Em quais casos a avaliação neuropsicológica é recomendada?
SS
Sophia responde
Ela é indicada quando há queixas de memória, atenção, raciocínio ou mudanças de comportamento. Também é muito usada em casos de suspeita de TDAH, dificuldades de aprendizagem, lesões cerebrais, doenças degenerativas, pós-AVC, traumatismo craniano e até para monitorar evolução clínica ao longo do tempo. Em psiquiatria, ajuda a diferenciar sintomas cognitivos de sintomas emocionais.
06
CM
Camilli pergunta
Como funciona o processo de reabilitação cognitiva e quais técnicas podem ser utilizadas?
SS
Sophia responde
A reabilitação trabalha para restaurar funções afetadas ou ensinar estratégias compensatórias para lidar melhor com as dificuldades. Dependendo do caso, usamos exercícios específicos para atenção, memória e funções executivas, treino de rotina, uso de recursos externos (como agendas, aplicativos), técnicas de modificação ambiental e atividades que estimulem neuroplasticidade. É sempre personalizada.
07
CM
Camilli pergunta
De que forma lesões cerebrais podem afetar o comportamento e as emoções?
SS
Sophia responde
O cérebro funciona como uma rede. Quando uma área é afetada, funções ligadas a ela podem mudar… Desde a forma de reagir emocionalmente até o controle de impulsos, memória, organização e até percepção de si e do outro. Por isso, duas pessoas com lesões parecidas podem ter impactos bem diferentes, depende da área e do funcionamento prévio.
08
CM
Camilli pergunta
O que são funções executivas e qual o papel delas no cotidiano?
SS
Sophia responde
Funções executivas são como o “centro de comando” do cérebro. Envolvem planejamento, organização, controle inibitório, tomada de decisão, flexibilidade cognitiva e monitoramento. Sem elas, fica difícil cumprir metas, resolver problemas, adaptar-se a mudanças ou manter o mínimo de rotina. São essenciais para autonomia.
""Cognitivo e emocional não se separam, eles caminham juntos. Quando entendemos essa relação, tratamos pessoas, não apenas sintomas"."
09
CM
Camilli pergunta
Como a neuropsicologia contribui para o acompanhamento de doenças degenerativas, como Alzheimer e Parkinson?
SS
Sophia responde
Ela ajuda a identificar o estágio da doença, monitorar a progressão e orientar intervenções que mantenham a funcionalidade e a qualidade de vida pelo máximo de tempo possível. Além disso, oferece suporte para a família, indicando estratégias práticas para lidar com as perdas cognitivas na rotina.
10
CM
Camilli pergunta
Qual é a importância da integração entre neuropsicólogos, neurologistas e psiquiatras no cuidado ao paciente?
SS
Sophia responde
Cada profissional olha para uma parte do quadro. O neurologista entende a base neurológica, o psiquiatra avalia o impacto emocional e medicamentoso, e o neuropsicólogo observa como tudo isso se traduz no dia a dia da pessoa. Quando trabalham juntos, o paciente recebe um cuidado realmente completo, sem lacunas.