A notícia analisa como as dietas à base de plantas estão transformando a nutrição esportiva. As evidências mostram que, quando bem planejadas, essas dietas sustentam o desempenho atlético, especialmente o aeróbico, sem comprometer força ou potência. Destacando a importância da biodisponibilidade dos nutrientes, da suplementação adequada e do planejamento individualizado. Também abordando as novas tecnologias e políticas que fortalecem a nutrição esportiva sustentável e mostrando que o plant-based deixou de ser tendência para se tornar uma estratégia sólida e científica de performance e saúde.
Corpo & Ideia: Muito além de proteínas animais
Uma meta-análise baseada em ensaios clínicos aleatorizados (RCTs) investigou expoentes de ingestão de proteína vegetal em pessoas saudáveis. Ela encontrou que, comparada com ingestão baixa ou nenhuma proteína, essa proteína vegetal proporciona ganho significativo de força muscular e resistência. Comparada às proteínas animais, há uma leve inferioridade para alguns tipos de força, mas os resultados são promissores, de acordo com MDPI. Dietas à base de plantas, apesar de alguns riscos de desvantagem proteica, caso má planejadas, se igualam e elevam-se às onívoras, podendo aumentar a performance, especialmente a aeróbica.
Outro estudo de revisão/meta-análise publicado no British Journal of Nutrition revelou que dietas plant-based favorecem especialmente esta performance sem comprometer as performances de força e poder. Ou seja: correr, pedalar, sustentar longos períodos de exercício cardiovascular pode até melhorar com essas dietas.
A pesquisa “Green Strength” destaca que micronutrientes são chave: ferro, vitamina B12, vitamina D, cálcio, zinco, ômega-3. Mesmo com dieta vegetal é possível suprir esses nutrientes, mas é preciso cuidado com biodisponibilidade (capacidade que o corpo tem de absorver e utilizar os nutrientes presentes nos alimentos, de acordo com as predisposições individuais e/ou de cada alimento escolhido para consumo), o uso de alimentos fortificados ou suplementação.
Aplicações práticas para atletas
Com base nessas evidências, aqui vão algumas recomendações práticas: 1. Planejamento nutricional personalizado: trabalhar com nutricionistas especialistas para garantir que todas as fontes de proteína vegetal combinadas (leguminosas com grãos, fontes diversas de proteína vegetal, opções menos invasivas de acordo com a opção ou necessidade de alimentação de menor derive animal, etc.) ofereçam o espectro de aminoácidos essenciais.
2. Suplementação, quando necessário: suplementos de B12, ômega-3 (EPA/DHA), vitamina D, talvez ferro (especialmente em atletas femininas ou em esportes de alta intensidade) para evitar deficiências que prejudiquem performance ou recuperação.
3. Uso de alimentos fortificados. Exemplos: leites vegetais fortificados, farinhas, cereais enriquecidos, etc., para garantir vitaminas/minerais essenciais.
4. Treino + nutrição integrada: distribuição adequada de proteína ao longo do dia, ingestão após sessões de treino, atenção à recuperação e ao sono para maximizar síntese proteica. Um bom timing proteico + sono melhora a síntese muscular.
O que esperar nos próximos anos
Nos próximos anos, espera-se um aumento no número de estudos de intervenção com atletas profissionais, voltados a validar os efeitos das dietas à base de plantas durante as fases de competição. Esses estudos são fundamentais para compreender como esse tipo de alimentação influencia o desempenho em contextos de alta exigência física e emocional, além de ajudar a definir protocolos nutricionais mais precisos para abraçar todos os tipos de dieta e opções nutritivas.
Paralelamente, tecnologias emergentes têm transformado o cenário da nutrição esportiva. Estão sendo desenvolvidos alimentos vegetais mais sofisticados, com substitutos de proteína de alto valor biológico e alimentos funcionalizados, que oferecem benefícios adicionais à saúde e ao rendimento atlético. Esses avanços prometem ampliar as opções disponíveis para atletas que buscam dietas sustentáveis sem abrir mão da performance. Outro avanço esperado é a maior incorporação dessas práticas em políticas esportivas e na nutrição de clubes e instituições. A tendência é que as diretrizes oficiais passem a reconhecer as dietas sustentáveis e plant-based como estratégias viáveis dentro do esporte profissional, valorizando tanto o impacto positivo sobre o corpo quanto os benefícios ambientais e éticos associados.
O panorama atual indica que a nutrição esportiva sustentável não é apenas um conceito de moda ou “ética”, tem respaldo científico crescente. Para atletas e pessoas ativas, dietas baseadas em plantas bem estruturadas oferecem alternativas viáveis, com benefícios cardiovasculares, pela recuperação e sem prejuízo significativo em força ou potência, através de um condicionamento proteico planejado e atencioso aos micronutrientes.