O jejum intermitente tem sido tema de crescente interesse em comunidades acadêmicas brasileiras. Pesquisas locais destacam efeitos metabólicos promissores, impacto sobre saúde mental, mas também possíveis danos ainda pouco avaliados.
Estudos de destaque
Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), um grupo de cientistas investiga há mais de três anos o efeito do jejum sobre o chamado eixo intestino-cérebro. Em experimentos com ratos, foram observadas melhoras em comportamentos de ansiedade e sintomas depressivos. No entanto, o estudo também detectou danos a células intestinais e neurônios, especialmente caliciformes responsáveis pelo muco intestinal, mostrando que a prática pode trazer riscos quando feita sem acompanhamento.
“Nosso trabalho indica que o jejum intermitente não é inofensivo. Ele pode causar alterações estruturais no intestino e no sistema nervoso”, explica a professora Ana Lúcia Fernandes, coordenadora do projeto. Os resultados estão em linha com outras pesquisas da instituição que associam períodos prolongados de jejum a inflamação intestinal.
Em humanos, estudos brasileiros têm mostrado efeitos positivos, principalmente na redução de gordura corporal e circunferência abdominal. Pesquisas da Revista Brasileira de Nutrição Esportiva (RBNE) compararam o jejum intermitente a dietas low carb, em Santa Catarina, e observaram resultados semelhantes em perda de peso, mas com maior variação individual, como o humor das participantes e significativo número de desistências, além da dificuldade da adesão por si. Uma revisão sistemática publicada pela RBNE analisou 44 estudos sobre o tema ( 2007-2017) e concluiu que o jejum pode contribuir para emagrecimento, melhora da glicemia e perfil lipídico, desde que os protocolos sejam curtos e supervisionados. Ainda assim, os autores destacam que faltam pesquisas de longo prazo, especialmente com brasileiros.
Para a endocrinologista Juliana Abreu, do Hospital das Clínicas de São Paulo, “o jejum intermitente pode ser útil como estratégia de controle metabólico, mas não deve ser visto como solução mágica. Cada pessoa tem um limite fisiológico e precisa de orientação para evitar deficiências ou desequilíbrios”.
Em resumo, o que observamos de benefícios vs. riscos?
- Melhora no perfil glicêmico, tolerância à glicose, e alguns marcadores metabólicos. (Embora a maioria dos ensaios sejam de pequeno porte e de curto prazo.)
- Impactos psicológicos: redução de sintomas de ansiedade e efeitos antidepressivos, em modelos animais, contudo, que também apresentaram tanto danos potenciais ao intestino, quanto ao cérebro (quando períodos de jejum forem muito longos ou combinados com estresse/exercício).
- Em humanos, adesão pode ser problemática: desistências, variações de humor, fome e desconforto
- Pouca padronização de protocolos: diferentes durações, diferentes “janelas” de alimentação, diferentes populações (sexo, idade, estado metabólico), o que dificulta a comparação entre resultados.
Recomendações para um uso seguro do jejum
Além disso, a moderação no protocolo de jejum. Evitar jejuns muito longos e sem suporte, assim como horas de fome que perseveram sobre a rotina, pela falta de atendimento nutricional à sua atividade gasta. Lembrando, sempre, de realizar o monitoramento dos efeitos, como: acompanhamento da função intestinal, saúde mental, marcadores metabólicos, peso magro e gordo, etc, e manter suas expectativas realistas (sem cair em influências externas que podem vir ao público como um jejum “salvador da pátria”, sem riscos, sem efeitos e com extra benefícios para resolução de medidas a menos desejada), ou seja, acreditar em um profissional que pode melhor adequar sua dieta à você!