Mais Brasileiro Impossível: Descobertas Sobre a Nutrição Personalizada Baseada em DNA no Brasil

Descobertas Sobre a Nutrição Personalizada Baseada em DNA no Brasil

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A nutrição personalizada baseada em DNA ganha espaço no Brasil com estudos recentes que revelam milhões de variantes genéticas inéditas e forte interesse da população por exames nutrigenéticos. Especialistas apontam benefícios e desafios quanto à comprovação científica, ética e acesso.

Mas... o que é nutrição baseada em DNA?

No Brasil, essa tendência ganha força com o avanço de projetos de genômica populacional e com o interesse crescente de consumidores por testes nutrigenéticos.. só passa um tanto longe dessas promessas todas! Embora o potencial seja enorme, especialistas alertam que a prática ainda demanda mais evidências clínicas e critérios éticos bem definidos.

A nutrição baseada em DNA é uma abordagem que utiliza informações genéticas individuais para orientar escolhas alimentares mais precisas e eficazes. A partir da análise do genoma, é possível identificar como cada pessoa metaboliza nutrientes, reage a certos alimentos e quais são suas predisposições a doenças metabólicas, como obesidade, diabetes ou intolerâncias.

Essa área, conhecida como nutrigenética, busca personalizar a alimentação de acordo com as necessidades biológicas de cada organismo, promovendo prevenção e melhor qualidade de vida. No Brasil, estudos do Programa Genomas Brasil e de universidades públicas têm mostrado o potencial dessa prática, mas especialistas alertam que ela deve ser aplicada com acompanhamento profissional e embasamento científico, evitando interpretações simplificadas dos testes genéticos.

O que você prefere: Um bolo de brigadeiro bem docinho, uma carninha bem passada ou aquele sushi com cream cheese todo enfileirado? Já imaginou a promessa de uma alimentação “sob medida”, ou seja, de acordo com seu próprio DNA? Parece coisa de ficção científica, mas não é!

Genética na mesa: como o DNA está moldando dietas personalizadas no Brasil

Segundo o governo, trata-se do maior mapeamento genético já feito em uma população latino-americana.

Esses achados mostram o quanto o DNA do brasileiro é diverso e único, o que tem implicações diretas sobre como reagimos a alimentos, nutrientes e medicamentos. A pesquisadora Cecília Parise, da Fiocruz, explica que “a nutrigenômica pode ajudar a identificar, por exemplo, indivíduos que metabolizam mal a lactose, processam gordura de forma mais lenta ou apresentam resposta inflamatória diferente a certos nutrientes”.

Pesquisas nacionais também começam a medir o impacto comportamental desse tipo de exame. Um levantamento da Genera (laboratório brasileiro de genômica pessoal) com mais de 1.300 participantes, mostrou que 64% das pessoas mudaram hábitos de saúde após conhecerem seus resultados genéticos, incluindo alimentação e suplementação. Para a nutricionista Thaís Rabelo, especialista em nutrigenética, “a informação genética tem poder de motivar mudanças, mas ainda não substitui o acompanhamento clínico. Saber que se tem uma predisposição é um convite à prevenção, não uma sentença”.

O Programa Genomas Brasil, coordenado pelo Ministério da Saúde em parceria com universidades como a USP e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, sequenciou recentemente 2.723 genomas brasileiros. O resultado revelou 8 milhões de variantes genéticas inéditas e 450 genes ligados a características metabólicas, como risco de obesidade e doenças cardiovasculares.

Possíveis vantagens e ressalvas:

- Com o mapeamento genético nacional (Genomas Brasil e DNA do Brasil), será possível desenvolver diretrizes que levem em conta a composição genética da população brasileira, mesmo com toda sua miscigenação. Isso pode reduzir imprecisões decorrentes de aplicarmos resultados vindos de populações estrangeiras.

- Impacto psicológico e comportamental: saber de predisposições pode motivar mudanças favoráveis ao organismo e aos indivíduos predispostos, como: mais exercício, dieta mais saudável, maior conscientização.

- Muitas variantes genéticas não têm efeito clínico bem definido, então, saber que variação existe não significa saber o que fazer com ela. Interpretar bem os SNPs (polimorfismos) exige evidência robusta, e o custo tanto dos testes, quanto do acompanhamento, é elevado e nem sempre acessível.

- Questões éticas: privacidade de dados genéticos, consentimento informado, uso por planos de saúde ou outras entidade, necessitando de profissionais treinados (nutricionistas e geneticistas) pra orientar e interpretar corretamente os pacientes, assim, evitando riscos de simplificações e promessas exageradas pela indústria de produtos ou serviços com pouca evidência científica.

- Personalização da dieta para prevenir ou tratar doenças como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, de acordo com predisposições genéticas. Ter dados do DNA pode indicar se uma pessoa pode responder melhor a dietas com mais proteína, menos carboidratos, ou com diferentes tipos de gorduras.

Na prática, quão perto estamos disso?

Entre os desafios estão o custo elevado dos testes, a falta de regulamentação sobre o uso e a proteção de dados genéticos, e a necessidade de mais profissionais capacitados para interpretar os resultados. Também há o risco de simplificação comercial: empresas que vendem “dietas do DNA” sem respaldo científico adequado. O futuro, segundo os pesquisadores, passa por integrar dados genéticos com outras áreas, como microbioma e metabolômica, e por tornar o acesso mais equitativo. O Ministério da Saúde pretende ampliar o Genomas Brasil para 100 mil genomas até 2026, o que deve consolidar um banco de referência genética nacional.

O que podemos esperar?

A nutrição personalizada baseada em DNA já não é mais promessa distante no Brasil; com projetos como DNA do Brasil e Genomas Brasil, estamos vendo mapeamentos genéticos que revelam variabilidade única da população brasileira. O conhecimento dessas variantes pode tornar as recomendações nutricionais mais precisas e eficazes, contudo, os benefícios dependem de evidência científica suficiente, interpretação ética e acesso justo para toda a população brasileira, o que ainda pode demorar. Até lá, ela segue sendo uma ferramenta promissora para ser usada com cautela e julgamento profissional!
DS

Daniela Stier

Redatora | Colunista MindSaúde

Redatora e Colunista da equipe MindSaúde, também trabalha com escrita criativa, ghostwriting, diagramação e revisão textual.